quarta-feira, 13 de março de 2013

A saída da Indústria e o crescimento dos serviços - Perspectivas Futuras

          O crescimento urbano que vem ocorrendo na Zona Norte vem alterando significativamente o espaço na região. Com o aumento dos serviços já mencionados a Zona Norte vem passando por um forte processo de valorização da terra. Esse processo vem intensificando-se com a construção do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, previsto para estar pronto antes da Copa do Mundo de Futebol em 2014. Como resultado desses processos a região passou a atrair investimentos do mercado imobiliário. Podemos citar como exemplo a saída da fábrica Coteminas da Av. Tomáz Landin. No local, o Grupo Coteminas pretende investir R$ 1,1 bilhões na construção de um complexo residencial com capacidade para abrigar 12 mil pessoas, além de um Shopping Center com 300 lojas, hotel com 720 apartamentos, centro comercial, de convenções, de artesanato e teatro. Espera-se que seja concluído em 4 anos. (TRIBUNA DO NORTE,  25/02/2012).

FONTE: TRIBUNA DO NORTE, 2012 - FUTURO COMPLEXO RESIDENCIAL NA ZONA NORTE

          Após o anúncio de grandes empreendimentos, políticos, empresários e a mídia alardeiam o número de empregos gerados e o "desenvolvimento" que tal projeto trará ao bairro, região ou cidade. No projeto citado, espera-se criar 5 mil empregos diretos na construção e 6 mil na fase de operação. (TRIBUNA DO NORTE , 2012). No entanto, devemos pensar além desses números e fazer-nos alguns questionamentos: o desenvolvimento tão comentado irá beneficiar a quem? aos atuais moradores da região? terão eles acesso a escola, creche, posto de saúde, parque ecológico e teatro que estão previstos no projeto? serão eles os beneficiados com os empregos criados?

          Tomando como exemplo outros grandes projetos construídos no Brasil podemos prever duas possíveis situações resultantes desse empreendimento: na primeira situação o complexo residencial e comercial poderá se constituir como uma ilha de riqueza, sem provocar o esperado desenvolvimento local. A segunda hipótese levantada e a que achamos mais provável é de que a construção do complexo residencial é um dos fatores que mais contribuirão para a elevação do preço da terra e do custo de vida no lugar. Consequentemente a população pobre não terá condições financeiras de permanecer no bairro/s e será tentada a vender sua residência em virtude dos altos preços dos imóveis, e migrará para outro local. Como resultado desse processo, em 10 ou 20 anos a população residente nos bairros Igapó, Jardim Lola e Amarante será em sua maioria composta pela classe média, tendo os bairros citados, altos índices de desenvolvimento humano e concentração de serviços e equipamentos urbanos, sendo vendida a ideia de que os bairros se desenvolveram devido a esses empreendimentos, quando na verdade ocorre um processo de "limpeza" da população pobre.

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